Quem pega ônibus ou cruza a pé diariamente a Rua Antônio Batista, no
Bairro Santa Cecília, em Viamão, tem que ter mais do que a passagem do
coletivo no bolso ou disposição para caminhar. Precisa de uma boa dose
de sorte para chegar ao destino sem ser assaltado. Segundo relatos de
moradores, criminosos atacam à luz do dia quem aguarda transporte nas
paradas ou circula pela região.
Os horários preferidos dos
bandidos são entre 5h e 7h, quando as pessoas saem para trabalhar, e a
partir das 18h, quando estão voltando. Geralmente, os criminoso agem em
duplas ou em bandos, e usam motos para praticar os ataques.
-
Três tias minhas foram assaltadas no mesmo dia por um motoqueiro. Duas
delas estavam na parada do ônibus, e a terceira estava do outro lado da
rua. Ele abordou primeiro as duas e, em seguida, atravessou para atacar a
terceira - relata a auxiliar de laboratório Rita Suelen Prestes, 23
anos, na manhã de ontem, enquanto aguardava o ônibus, torcendo para não
ter a mesma sorte das parentes.
Ataques no embarque e desembarque
Quando os assaltos não acontecem antes do embarque, é no desembarque que as vítimas são pegas.
-Já
fui assaltada quando desci do ônibus. A moto para atrás dele (ônibus)
e, quando ele arranca, os homens atacam quem desce. Uma vizinha já foi
assaltada seis vezes em quatro meses que mora aqui - relata uma
moradora, que pediu para não ser identificada.
Apesar de bem
iluminada, a Rua Antônio Batista tem muitos trechos cercados por
matagais ou terrenos abandonados, o que facilita a ação dos bandidos.
Eles usam estas áreas como esconderijo, de onde partem para os ataques. É
o que acontece na esquina com a Rua Bonanza.
-Este terreno virou
depósito de lixo e local de descarte de coisas que eles pegam nos
assaltos e não querem, principalmente documentos. Como a área é muito
grande e está com o mato alto, não tem como ver que eles estão ali. As
pessoas são surpreendidas quando passam e já não dá tempo de fazer mais
nada - conta o aposentado Raul dos Santos Flores, 66 anos.
Esperar na parada é um risco
Outra
queixa dos moradores é em relação à demora no horário dos ônibus.
Segundo eles, quanto mais tempo precisam esperar na parada, maior é o
risco de passar por este drama. Atualmente, segundo a empresa Evel,
quatro linhas da sua frota e uma municipal atendem a região.
-
Chega a demorar mais de uma hora para passar o ônibus. As paradas ficam
lotadas. É um prato cheio - diz a auxiliar de enfermagem Tatiane de Lima
Carneiro, 29 anos.
Quem não quer esperar, caminha cerca de
1,3km, do final da Rua Antônio Batista até a faixa da avenida Plácido
Motim, onde há mais opções de ônibus.
- Meu filho sai para
trabalhar às 4h e precisa ir a pé até "lá em cima". Isso já é um perigo à
luz do dia, imagina na madrugada! - diz Raul.
Cinco já foram presos, diz Brigada Militar
A
rotina de ataques dos assaltantes sobre motos já está sendo combatida
pela polícia, segundo a Brigada Militar. Conforme o comandante do 18º
BPM de Viamão, tenente-coronel Marcelo Justi, de junho até hoje, cinco
pessoas já foram presas acusadas de assaltos a pedestres e passageiros
de ônibus na região. Três motociclistas e dois caroneiros. Segundo o
comandante, ainda resta um motociclista agindo na área, mas a BM está
fechando o cerco para capturar o criminoso.
- Estamos usando a
mesma arma dele, com patrulhamento no local feito por um pelotão de
motociclistas, pela agilidade e versatilidade que a moto oferece. Nosso
foco é nos horários em que são relatados mais assaltos, no começo da
manhã e final da tarde - aponta o tenente - coronel.
Ele ressalta ainda que a colaboração da comunidade tem sido essencial para o sucesso da operação.
-
Temos trabalhado muito com as informações dos moradores locais. Temos
um canal de denúncia pelo Whatsapp (8501-6581) e pelo Facebook (no
perfil Brigada Militar de Viamão) que estão abertos para que a população
possa nos alimentar com informações e para que possamos direcionar
nossas ações - destaca.
Terreno deverá ser limpo
Sobre
o terreno localizado na esquina da Antônio Batista com a Bonanza, a
prefeitura de Viamão informa que se trata de uma área particular. A
proprietária deverá ser notificada e terá de limpar ou cercar a área,
num prazo de 15 a 20 dias a contar da notificação. Caso não o faça, a
prefeitura fará os reparos e cobrará posteriormente da responsável.
Já
a empresa de transporte Evel ressalta que as suas linhas que atendem a
região têm, em média, entre 26 e 30 horários cada, ao longo do dia. Nos
horários de pique, a média de espera é de 20 minutos. Fora deste
período, passa a ser de 40 minutos.
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